Até a terceira década deste século, todos os esforços para impedir ou atenuar a doença tubérculos pelos métodos de imunização ativa e passiva como ocorria em outras doenças, foram inúteis. Na tentativa de obter suspensões homogêneas (e não grumosas) nas culturas de um bacilo tuberculoso bovino, muito virulento, isolado por Nocard, no Instituto Pasteur de Paris, Albert Calmette obteve casualmente um fenômeno de mutação, repicando as culturas em batata impregnada em bile de boi. Guérin, que era seu auxiliar e fazia as repicagens, observou que após 231 passagens, as culturas ainda se mantinham grumosas, com o mesmo aspecto morfológico e as mesmas propriedades físicas, apresentando, porém, atenuação progressiva da virulência para os roedores de laboratório. Essa amostra de bacilos foi batizada com o nome de BCG (bacilo de Calmette-Guérin) e utilizada com sucesso na imunização ativa de bovinos, provocando ausência de virulência.Em 1921, a pedido de um médico francês que desejava proteger um recém-nascido de mãe tuberculosa, que teria que conviver com a avó tuberculosa, Calmette administrou por via oral a sua vacina BCG em três doses de 2 mg. Depois deste, outros recém-nascidos receberam a mesma vacina durante três anos, mas só em julho de 1942, Calmette se considerou autorizado a proferir, diante da Academia Nacional de Medicina de Paris, a primeira comunicação oficial sobre o emprego da BCG oral em recém-nascidos, como tentativa de imunização ativa contra a tuberculose. A partir daí, o Instituto Pasteur passou a distribuir para os laboratórios estrangeiros as culturas do BCG. Discutiu-se muito, então, não só a atenuação do bacilo, como sua eficácia preventiva.Em 1925, Júlio Elvio Moreau trouxe, do Instituto Pasteur de Paris, uma amostra de BCG para o Rio de Janeiro, que foi então chamada "BCG Moreau". Essa amostra foi mantida na Fundação Ataulpho de Paiva e, graças ao espírito científico de Arlindo de Assis, foi usada no nosso meio. Até 1968 usou-se no Brasil, exclusivamente, a via oral. Como a técnica de vacinação BCG por via intradérmica é a mesma da aplicação da prova tuberculínica, a possibilidade de se implantar a vacinação intradérmica no país decorreu do treinamento de enfermeiras em nove capitais, por uma enfermeira consultora da Organização Mundial de Saúde que permaneceu no Brasil, de 1967 a 1968.A história do BCG, desde a sua introdução, é cheia de antagonismos e controvérsias. Há países onde é adotada como política nacional obrigatória por lei, para quase 100% da população vacinável, enquanto em outros países é praticamente desconhecido pelo público, impopular e quase tabu entre a classe médica. Apesar de introduzido há mais de meio século e realizadas cerca de um bilhão de vacinações em todo o mundo.
Fonte: http://boasaude.uol.com.br/lib/ShowDoc.cfm?LibDocID=3517&ReturnCatID=1765
segunda-feira, 2 de março de 2009
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